segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Por que a psicoterapia é tão "demorada"?

Os processos da mente não são lineares, seguem seu próprio curso e não são tão lógicos quanto parecem. As percepções emocionais são um terreno fértil para uma infinidade de significados para os mesmos fatos. Terapeutas experimentados sabem o quanto as versões dos fatos mudam na medida em que estão sendo pensadas.

A pobreza da mente é uma das principais fontes de sofrimento psíquico. A relação terapêutica explora novos vértices de sentimentos, de fatos, de sensações. A intervenção ou a simples observação do terapeuta faz com que o raciocínio do paciente possa se virar para novas facetas, criando nvos cenários e novas perspectivas para problemas antigos.

Falar consigo mesmo, não é mesmo que falar com alguém. A presença de outra pessoa impele reformulações, respostas, julgamentos e este processo torna o pensar mais rico e mais dinâmico.
Ao mesmo tempo em que investe-se em uma melhora a longo prazo, também resiste-se em investir nas mudanças - querer e não querer ao mesmo tempo, forças opostas que se anulam e que necessitam de tempo para serem esclarecidas.

Desenvolver a mente leva tempo, os processos de vida são dolorosos, complexos, muitas vezes mal explicados e até mal entedidos pela simples falta de "falar no assunto". A psicoterapia ampara os sentimentos e realiza o parto de novas concepções, o que torna a vida com uma outra roupagem, muito mais rica, desenvolvida e descomplicada.

4 comentários:

  1. "Querer e não querer ao mesmo tempo", talvez como tentar e não conseguir, não alcançar em virtude do medo de tentar - ou ainda acumular demais sem exprimir nada, expulsar de si, compartilhar seja o que for; medo, culpa, alegrias...
    Melhor nem divagar demais...

    te acompanho...

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  2. Uma vez um cliente amigo me disse ; " A felicidade é proporcional ao grau de ignorância que temos" .........portanto acho que a pobreza da mente talvez não seja uma das principais fontes de sofrimentos psíquicos .....acredito que a falta de equilíbrio entre a quantidade de informação que temos e a vazão delas para algo pratico é que causa esses sofrimentos ...............adorei que seu blog tenha nascido .......seja bem vinda

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  3. Maravilhoso comentário! Muito pertinente. Acho que isto é um tema belíssimo. Ter muitas informações e não haver uma vazão prática realmente é de enlouquecer. Já pude vivenciar com muitas pessoas esta angústia que dependendo dos casos necessitam de um tempo considerável para trabalhar e dói muito. Mas, quando me referia a pobreza mental, estava enfocando o aspecto do viés, da tendência de permancer tudo como está, sem mudanças, de crenças rígidas, por exemplo, digamos que uma pessoa tenha todas as graduações, certificações, cursos, seminários, viagens... Mas ainda assim tenha frases do tipo: "os homens são assim...", "os chefes não gostam de tal coisa...". É sob este tipo de enredo mental, de viés, de crença que eu estava escrevendo... deste funcionamento da mente que faz com que as possibilidades não surjam e que se olhe a vida um jeito como se ela fosse assim e não pode mais mudar. Não sei se me fiz clara... Mas é mais ou menos isto.
    Por favor... Escreva sempre que quiser! Um abraço e feliz ano novo! Renata

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  4. Querido Cacá... Há anos no acompanhamos. Quero voltar a ler o teu ponto de fugas... maravilhoso por sinal.
    Escreveste sobre o aspecto da ambivalência. Eses negócio é difícil, se transformarmos isto em uma imagem mental - poderia equivaler a dois cavalos poçantes puxando em direções opostas e fazendo vetores que se anulam. Este é um dos motivos mais frequentes para a busca de uma psicoterapia, porque realmente quando a ajuda profissional é necessária, não é possível sair deste contexto sozinho. É preciso viver uma experiência compartilhada para que as novas formas de ver e sentir se processem.
    Estou feliz em te ler. Seja bem vindo nesta casa.
    Um beijo enorme e feliz ano novo!!!

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