segunda-feira, 23 de março de 2009

E agora o que é que eu faço?

Escolhas... Difíceis? O quanto se é determinado pelos sentimentos? O quanto se é consciente? Na verdade, a questão da escolha perpassa duas linhas importantes a consciente e inconsciente. Na versão inconsciente o que ocorre é que toda vez que se opta por um caminho é porque de certa forma já havia uma identificação com ele de início, rumava-se para ele mesmo sem se dar conta. Já na versão consciente, uma escolha precisa ser pensada, se for impulsiva, não é uma escolha. Prós, contras... A decisão envolve múltiplas variáveis: separar? Ter mais um fílho? Trocar de carro? Aplicar o dinheiro ou investir em um imóvel? Quantas pessoas dependem desta decisão? O fato é que se decide em parte com a cabeça e em grande parte com motivações que pouco se conhece.
Na vida, todos os caminhos levam a necessidade de escolher, porque o entroncamento de um caminho é uma continuação de um percurso anterior. As escolhas não vem descontextualizadas. Todas as possibilidades, visíveis ou não, são construções da própria pessoa e sua forma de levar a sua vida. Em psicoterapia, quando surgem estas questões é preciso avaliar: a pessoa quer decidir? A pessoa quer opinião ou quer apenas pensar acompanhada? O que levou esta pessoa a construir esta situação? Muitas vezes, quando a dúvida é cruel e o resultado é inevitável, não há o que fazer ou o que analisar, às vezes é preciso apenas entender como o fluxo das vivências confluiram para aquele ponto. Em psicoterapia não se resolve problemas, se desenvolve o ser humano construir novos caminhos, novas conexões, a enxergar as dúvidas de outras formas. Não raro ocorre a seguinte situação: a pessoa está ansiosa, sem prespectivas, confusa e não sabe o que fazer com tantas informações, sua cabeça pesa e seu corpo apresenta inúmeras queixas somáticas, porém, ao analisar a situação, se descobre que o maior problema não é a decisão, mas sim, o que fazer com ela ou com as variáveis que estão em volta. Quando tudo está caótico na vida, é necessário um grande esforço e bastante paciência. Há circuntâncias que limitam a vida e é preciso entendê-las para superá-las sejam estas: dívidas, mudança de carreira, depressão que necessita medicação, fibromialgia, concursos públicos, filhos com sintomas graves... Enfim, há muitas situações onde as escolhas dependem mesmo é de muito trabalho seja este físico, mental ou emocional.
Porém, em todos os momentos uma escolha mais primordial subjaz os momentos de crise e neste contexto é que a verdadeira escolha acontece: PERSISTIR OU DESISTIR? Na minha experiência clínica, vejo que esta é a única escolha que define o sucesso. A persistência indica esperança, interesse, vida. Talvez o mais importante não seja necessariamente mudar o rumo, mas sim, todo o processo que envolve investir na vida, seja o resultado qual for. Uma psicanalista chamada Piera Aulagnier escreveu em sua teoria da personalidade: "o ser humano é condenado a investir". Portanto, se for preciso ajuda para escolher, deve-se lembrar que o problema não é apenas a escolha, mas a forma como os caminhos foram construídos para chegar até ela. Está aberta a discussão...


Renata Kulpa

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